sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Oi pai...




Ontem fez 1 ano e 1 mês que vc partiu pai, muito tempo né, tempo demais para nós que te amamos tanto. A saudade não da descanso, é uma constante em minha vida, saudade de você, da mãe... de tempos felizes que passamos juntos... nós três, nós dois, nós duas... uma vida dividida em 3 e multiplicada por 3... Sempre tive essa certeza, essa sensação de proteção que vocês me davam, de que mesmo separados éramos unidos, estávamos juntos... Era tão bom...

Suas lembranças são em mim uma luz, uma brisa suave, seu olhar ainda me acompanha nos momentos difíceis e é em seus braços que eu ainda me refugio quando tudo parece estar ao contrário... Lembro de meus erros, minhas mancadas e você tão doce apenas me olhando e dizendo "eu sei fia"... como que me mostrando que nada importava, que aquele amor era sempre maior e capaz de superar qualquer distância, qualquer ausência... E realmente era, ainda é!

Você partiu, foi para o céu... deve ter encontrado com a mãe por aí, deve ter se preocupado comigo, mas com certeza está em paz, como sempre viveu, como sempre me ensinou a viver... E eu fiquei sozinha por aqui, éramos 3, agora sou só eu de tudo que vivemos, tantas lembranças que agora só vivem em mim... Sou grata por tudo e tenho procurado ser resignada em minha saudade, mas não minto e não nego que tem sido difícil... O que me conforta é só isso, a certeza de que você tá aí, num lugar melhor, mais parecido com você do que esse mundinho mesquinho e pequeno em que vivemos.

Eu imagino você aí em cima, calmo e sereno, tentando convencer a mãe a ficar quieta, tentando convencer ela de que vou me virar por aqui... Duas maneiras tão diferentes de me amar... mas que era suficientes para me preencher completamente... que falta sinto desse amor!

Todos se foram pai, ninguém permaneceu a ausência de vocês, um a um as pessoas foram indo pra longe, seguindo suas vidas... vocês eram o elo que me ligavam ao resto da família... Mas hoje já não me entristeço por isso, acho mesmo que faz parte de nossa história... Éramos só nós 3, sempre fomos e sempre seremos, ninguém nunca seria capaz de entender isso... Fiquei eu por aqui e não tenho a pretensão de fazer com que entendam e acreditem nessa união tão nossa... Melhor assim...

Ainda hoje quando escrevo, não posso conter as lágrimas, ainda hoje quando lembro de tudo que passamos nos últimos meses não consigo aceitar a despedida tão breve... Eu precisava de mais tempo pai, tinha planos para nós dois e precisava tanto ter tido mais tempo... O Fabinho era meu presente, eu desejei ele desde o primeiro instante com o intuito de ter ele perto de você, dividir com você os primeiros dias, os primeiros momentos... Ainda não aceito sua partida sem ter conhecido nosso menino...

Tô com a pastinha verde aqui... nossa pastinha verde... Tão viva nossas lembranças aqui nesses papéis, tão vivo nosso amor e nossa união... Como sou grata por essas lembranças. Obrigada pai!

Sei que daí, agora, tudo ficou claro... quantas indagações minhas já não são de vocês... Recebi seu recado... como precisava daquela resposta! Nunca duvidei que poderia ser diferente, nunca duvidei pai!

Um dia nos encontraremos novamente, seremos nós 3 mais uma vez... Mas enquanto esse dia não chega ficamos juntos aqui, no meu coração, nas minhas lembranças, nesse amor tão puro que sempre nos uniu e ainda nos une!

Obrigada por tudo meu pai, meu querido e amado pai!
Manda um beijo pra mãe... ela também sabe do meu coração e das minhas verdades!

Obrigada por confiarem em mim, por me amarem e me iluminarem com esse amor todos os dias da minha vida!

Saudade sem fim!






quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Saudade que não passa...



Aprender a viver sem você tem sido uma lição difícil e mais demorada do que imaginava. Já são quase 2 anos, 1 ano e 10 meses hoje e ainda sinto sua falta todos os dias. Aprendi a guardar pra mim quase tudo do meu dia a dia, ninguém mais entenderia aquelas ligações urgentes apenas para contar que nasceu o dentinho ou contar de uma frase engraçada das meninas...rs... Aprendi a chorar sozinha e em silêncio, a viver momentos felizes sem dividir com ninguém, aos finais de semana sem nossas conversas, nossas brigas, nossos passeios, nossas risadas e resmungos. As horas passam, os dias, as semanas e eu continuo sem entender, tudo ficou muito esquisito sem você. Nas festas, nos passeios, nas conversas por aí eu me sinto um peixe fora da água... era com você sempre que eu me sentava... minha companheira e amiga... E mesmo quando ficava muito brava comigo ainda assim vinha pra perto, puxava um assunto, arrumava uma maneira de ficar do meu lado... Você me admirava mãe, conhecia meus piores defeitos a ainda assim via o meu melhor sempre, acho que poucas pessoas entendem a falta que isso faz... Seu orgulho com minhas conquistas, sua alegria com minhas pequenas felicidades, sua atenção para cada palavra minha... O tempo está passando rápido mas a saudade continua e não parece melhorar, apenas aprendi a sentir em silêncio, mas essa ausência continua apertada aqui dentro e me sinto tão só sem você... Eu não sei porque mas sempre lembro da última vez que vc deu um jeito no meu cabelo, comprou um kit super moderno de alisamento sem formol e passou horas em pé na cozinha da chácara passando pra mim... lembro de vc no banheiro segurando o espelho pra eu ver atrás... "ficou bonito né Pa"... Ah mãe, era pra vc ficar velhinha lembra... a gente tinha um monte de coisa pra fazer juntas ainda... Tenho tentado tanto, ninguém imagina meu esforço para seguir com alegria, sem revolta, sem perder minha fé... mas é tão difícil sem você mãe... fiquei sozinha aqui nesse mundo louco e nem sempre sei o que fazer... Sinto saudade de você viu, sinto saudade de tudo. As meninas estão lindas, tanta coisa que queria dividir com vc sobre elas mãe, todo dia tem uma novidade, algo engraçado e surpreendente que elas fazem e que só vc iria se encantar junto comigo... e o Fabinho... ele está lindo e esperto, já tem dois dentinhos, come que nem um desesperado, sempre sorri pra mim... se você estivesse aqui conheceria ele tão bem quanto eu e iria dividir comigo tantas coisinhas dele que ninguém nem fica sabendo... Somos só nós aqui agora mãe... o mundo ficou pequenininho, quase nem saímos de casa... na chácara é tudo tão silencioso, nunca mais fomos passear nas lojinhas, nunca mais a praça do coreto... nunca mais um monte de coisa depois que vc partiu... festa nos colchões, passeios pela rua, horas no telefone... nunca mais... Eu espero que seja mais fácil por aí do que por aqui, espero que a saudade machuque menos por aí... Rezo para que tenha encontrado respostam que deixem tudo isso mais fácil de ser aceitado e compreendido... Receba meu abraço mãe, meu amor, minha gratidão... eu sei que vc sabe do meu coração, sei que sempre entendeu melhor do que ninguém o que tenho dentro de mim... E é nesse pedaço de mim tão seu que eu continuo vivendo... Saudade enorme mãe... confesso que ainda choro as vezes, que ainda me escondo um pouco da vida e das pessoas... mas sei que vc me entende me perdoa como sempre fez em sua vida. Minha amiga querida, minha irmã, minha companheira de tantos momentos... fica bem por aí que eu vou seguindo por aqui. Amor eterno pra vc!

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Quem roubou nossa coragem...

Nascemos repletos de esperança, cheios de sonhos e dispostos a mudar o mundo, a fazer a diferença... nascemos e permanecemos assim por algum tempo, onde tudo parece possível, onde todos são amigos, onde o mundo parece um lugar perfeito... não há limites para os anseios de um coração jovem, não há nada que possa mudar aquele desejo intenso de ser tudo aquilo que queremos ser... E daí vem a vida, o tempo sempre implacável, as tristezas, as grandes desilusões, a realidade dura que bate na porta... vai chegando vagarosamente todo o medo, insegurança, aquela sensação de mãos atadas, de nó na garganta... E nós vamos silenciando o coração, aquietando a mente, escondendo os sonhos em baixo do tapete, desistindo, renunciando, abrindo mão... Fica aquela lembrança boa de tempos de coragem, do peso que era leve, da liberdade, da inocência de acreditar que tudo era possível, de que podíamos tudo que desejássemos... O coração endurece um pouco, já não se chora com qualquer poema, aquelas músicas que eram hinos não tocam mais, aquele escritor querido e admirado agora parece apenas mais um sonhador... O coração fica cansado, fica com medo, fica pequeno dentro do peito e vamos percebendo aos poucos que já não há tempo para tantas coisas... As pessoas foram se perdendo no caminho, os inseparáveis se separaram... alguns para sempre... outros dão notícias de longe como se fossem outras pessoas que nem ao menos nos conhecem mais... E nós continuamos com o sorriso no rosto, o brilho nos olhos, cantando velhas canções, recitando frases de filmes e vivendo no pedacinho de vida que conseguimos manter viva dentro de nós... aquele pedacinho pequeno onde tudo ainda é possível, onde ainda somos revolucionários, onde ainda pintamos o rosto, onde ainda fazíamos tudo por amor... naquele pedacinho de vida onde o mundo nos pertencia, naquele pequeno pedaço de vida onde realmente vivíamos nossos sonhos... Continuamos vivos naquela viagem com os amigos, naquela aula da facu, naquele por do sol, naquele primeiro beijo, naquele olhar, naquela declaração de amor, naquele que era para ser pra sempre, no cabelo molhado, na roupa colorida, naquela lua... E todos meus cds do Legião se perderam, nem acho as músicas do Ira pra baixar na net... fica só minha própria vós teimosa cantarolando solitária... "Até bem pouco tempo atrás,Poderíamos mudar o mundo,Quem roubou nossa coragem?Tudo é dor,E toda dor vem do desejo,De não sentirmos dor..." Sinto saudade de mim, saudade de uma doçura que existia, de uma certeza profunda de que tudo daria certo sempre... sinto saudade da sala da minha amiga, das conversas e risadas sem fim, de ouvir Alanis, Kid Abelha, Legião Urbana o dia todo... sinto saudade de minha coragem de largar tudo por amor, sinto saudade daquela sensação desconhecida no estômago, de fazer loucuras, de sumir no mundo... Sinto saudade das broncas da minha mãe quando eu chegava de madrugada, dos domingos no apartamento só nós duas comendo doce, falando bobagens, do meu pai chegando com uma cerveja e em LP novo... Eu olho em volta agora e sou profundamente grata pelo que tenho, minha família, meu lar, minhas filhas, meu filho indefeso e tão dependente de mim... Mas mesmo em minha gratidão mora um pedacinho de saudade, mesmo nessa vida tão preciosa pra mim permanece um tantinho de tristeza por tudo que perdi de mim mesma no decorrer do caminho... Hoje acordei assim, meio sei lá, um pouco cansada talvez, um gostinho amargo na boca, um peso nas costas... Talvez seja só essa sensação de estar sozinha tão permanente ultimamente, talvez esteja engolindo palavras demais, talvez esteja apenas fingindo... Não sei o que queria escrever hoje... nem sei mais quem sou... hoje queria sentar sozinha na areia, olhar o mar por um longo tempo, sentir o vento no rosto... Hoje queria um abraço, um ombro, alguém que me dissesse que tudo vai dar certo... um elogio sincero, um beijo apaixonado, andar de mãos dadas, hoje queria um monte de coisas e ao mesmo tempo nada... Encontrar meu lugar no mundo, me mudar com um grupo de voluntários para um país distante, fugir com o circo, me formar em filosofia... desenhar um círculo místico no chão, abraçar uma árvore... dormir até duas da tarde... ser criança no colo da minha mãe...