terça-feira, 8 de julho de 2008

João Roberto Amorim. Mais uma tragédia ?

Tragédias anunciadas não podem ser chamadas de fato isolado como alguns estão falando por ai... a morte de uma criança inocente e pura não pode nem deve ser tolerada. Está na hora de alguém fazer alguma coisa e parar com essa loucura que estamos vivendo.

Crianças estão morrendo brutalmente, assassinadas... torturadas... e por mais que eu tente não consigo entender como pudemos chegar a esse ponto. O mundo está muito cruel e cada vez mais triste para nós que estamos aqui olhando a vida pelas nossas grades de proteção...

A população anda armada por medo da violência e os policiais atiram antes de ver por medo de serem mortos por marginais... o mundo virou um filme de terror dos mais terríveis... e nós continuamos assistindo apenas, como se não fosse conosco... como se não fosse real... mas é real e dolorosamente real.

A imagem daquele pai falando aos gritos, chorando, morrendo por dentro, me fez estremecer de pavor. Pavor por morar nesse mundo e por olhar para minhas filhas e imaginar que em breve elas estarão soltas por essas ruas de batalha armada e descontrolada.

Quanta tristeza essa morte, quanta dor dessa família, quanto remorço desses policiais... será que alguém pagará por isso... e eu pergunto pra mim mesma... quem os verdadeiros culpados ?

O erro vem de longe, a tragédia dessa família é apenas mais uma entre tantas... o que nossos governantes sentem ao olhar no rosto daquele pai... onde está a segurança que pagamos todos os meses sem faltar ?

Nem sei mais o que estou escrevendo, só sei que isso me dói fundo e me dá uma sensação muito triste de medo e insegurança.

Leiam abaixo a matéria sobre a morte do pequeno João Roberto e sintam no peito a dor dessa família. E se você puder, depois disso, continue seu dia como estava fazendo antes... eu não consegui...


"Foi enterrado aos gritos de “justiça” o menino João Roberto Amorim Soares, de 3 anos, pouco depois das 17h desta terça-feira (8). Antes do enterro, o pai da criança, Paulo Roberto Barbosa Soares, pediu uma salva palmas em homenagem ao menino.

João Roberto morreu após ser atingido por um tiro na cabeça durante uma perseguição entre policiais militares e supostos assaltantes, na Tijuca, Zona Norte do Rio.

Durante o cortejo, o grupo parou duas vezes para a mãe, Alessandra Soares, beber água. Paulo Roberto disse a ela que “a família vai superar” o trauma. A mãe saiu do cemitério do Caju, na Zona Portuária do Rio, em uma ambulância.

Ainda no velório, a avó materna do menino também passou mal. Hipertensa, Irene Amaral desmaiou e teve que ser medicada. A mãe do menino, Alessandra Soares, tomou calmante porque estava muito agitada. Segundo familiares, ela teve que mudar de capela.

O velório começou na tarde desta terça-feira (8) na capela B do Cemitério do Caju, na Zona Portuária do Rio. A ONG Rio de Paz trouxe uma faixa preta escrito “João Roberto, 3 anos, tragédia anunciada” e soltou um balão vermelho após o enterro.

O menino foi enterrado vestindo uma fantasia de Homem-Aranha. Segundo familiares, o personagem dos quadrinhos seria o tema de sua festa de aniversário, que seria comemorado no próximo dia 29.

Muito emocionado, o pai da vítima, o taxista Paulo Roberto Barbosa Soares, chegou ao velório por volta das 15h desta terça. Quando entrou na capela, ele chamou os policiais de assassinos e ressaltou que a sociedade carioca precisa de proteção.

Depois, Paulo saiu da capela e desabafou sua dor com os jornalistas presentes no local.

""Ninguém tem o direito de matar ninguém. O Estado não tem carta-branca para matar ninguém. Aqui não tem pena de morte. Se esta instituição (PM) está falida, vamos melhorar a instituição, mas não botar um monstro na rua para matar a gente. Eles são mal remunerados, mas isso não é motivo para se transformarem em monstros. Tem gente de bem na rua que ajuda a pagar os salários deles, como eu e minha família"", disse.

Muito emocionado, ele também falou sobre o menino. "Meu filho dizia que me amava todos os dias, pedia para ir ao Maracanã para ver futebol", disse, sendo amparado por amigos e parentes.

A professora de João Roberto, Bruna Couto Camillo, disse que a escola pediu para os pais não levarem seus filhos à escola Criativa Idade, na Tijuca, na Zona Norte. Segundo ela, os diretores da instituição ainda não conversaram com as crianças sobre a morte do colega de classe.

“Ele era uma criança alegre como outra qualquer, muito comunicativo, que adorava futebol”, disse Bruna, ressaltando que João Roberto estudava em período integral.

O delegado Walter Alves, da 19ª DP (Tijuca) indiciou nesta terça por homicídio doloso qualificado (com intenção de matar e sem dar chance de defesa à vítima) os dois policiais militares do 6º BPM (Tijuca).

Segundo a polícia, os PMs teriam participado de um tiroteio na Rua Espírito Santo Cardoso, na Tijuca, na Zona Norte, matando um menino de 3 anos que estava dentro de um carro com a mãe e um irmão de 9 meses.

Também foi pedida nesta terça-feira a prisão temporária dos policiais militares por 30 dias. Os acusados mantiveram no Inquérito Policial Militar (IPM) a versão de que estavam perseguindo bandidos e que o carro de Alessandra Soares ficou no meio do fogo cruzado.

Como aconteceu

Alessandra voltava de uma festa de aniversário com os dois filhos em seu carro, um Palio Weekend cinza chumbo, que foi confundido e alvejado pelos policiais militares como se fosse o carro usado por suspeitos de assaltos.

O carro que teria sido usado pelos perseguidos foi encontrado na madrugada desta terça. Segundo a polícia, o veículo Fiat, modelo Stilo, era roubado e está envolvido em quatro ocorrências de roubos de pertences.

O proprietário do carro esteve na delegacia, mas não conseguiu identificar por fotos os dois assaltantes que o renderam usando pistolas. A perícia encontrou quatro cápsulas de pistola deflagradas dentro do Stilo."

* Colaborou Alba Valéria Mendonça

Daniela Clark

Do G1, no Rio